PAULO LEAL
Este é o relato das férias em auto-caravana que tiveram início em Coimbra a 03-08-2014, passando por Espanha, Andorra, França, Mónaco, Itália, Eslovénia, Croácia e Bósnia Herzegovina.
COIMBRA - DUBRÓVNIK - SARAJEVO - COIMBRA
1º dia, sábado 02-08-2014: Coimbra (Portugal) - Santa Julia de lória (Andorra)
Saída de Coimbra pelas 06H30
Metemos gasóleo no Hipermercado Gildo,Fuentes de Oñoro (Espanha) – 21,56 lts - €28,01 (1,299 €/L GALP)
Metemos gasóleo em Fraga (Espanha) – 15,52 lts - €20 (1,289 €/L )
Chegamos a Santa Julia de Lória pelas 23H15
Dormimos na área de serviço de Santa Julia de Lória - Hipermercado River, área "Campingcar-Infos" ASN Nº 19355.
Latitude : (Norte) 42.4525° Décimais ou 42° 27′ 9′'
Longitude : (Oeste) 1.48675° Décimais ou 1° 29′ 12′′
Este ano resolvemos mudar a rotina da rota na primeira etapa. Os motivos eram lógicos:
1º Porque este ano não iria-mos para o Norte mas sim para o sul.
2º Porque Andorra seria um bom local para abastecermos de mantimentos e o preço do gasóleo é imbatível.
3º Área de serviço com boas condições e tudo gratuito. Até a internet que se consegue apanhar gratuita do hipermercado.
Distância: 1127,6 km
Consumo médio: 9,7Lts
Tempo de Condução: 14H00
Bombas de combustível do River - Andorra.
Área de serviço do River - Andorra
2º dia, Domingo 03-08-2014: Santa Julia de Lórea (Andorra) - Pelissanne (França)
Saida de Santa Julia de Lórea pelas 09H45
Metemos gasóleo no Hipermercado River (Andorra) – 72,45 lts - €82,38 (1,137 €/L GALP) - Pagamos €79,91 com desconto das compras no Hipermercado
Chegamos a Pelissanne pelas 20H15
Dormimos na área de serviço de Pelissanne, área "Campingcar-Infos" ASN Nº 1836.
Tinha programado fazer esta etapa tranquila e descansada, pois na véspera tinha sido um pouco duro. A minha intenção seria a de chegar cedo a Pelissanne e descansar. mal sabia que esta seria uma etapa para esquecer. Tudo começou logo no inicio da descida dos Pirineus, já em França, logo a seguir a Mont Louis. Mesmo descendo com todo o cuidado e utilizando essencialmente a caixa de velocidades, os travões cederam e cheguei a recear. Não estavam quentes, mas mesmo após meia hora de repouso, mal encostava o pé ao travão, parecia que da roda traseira direita vinha ruido de ferro com ferro, causando um ruido enorme. Parei mais meia hora. Verifiquei as maxilas, deitei-me por baixo da autocaravana para verificar a integridade da roda, dos travões, da suspensão. Tudo parecia OK. Voltei a arrancar e o barulho não abrandava, mesmo travando com o travão de mão. Era assustador.. Que fazer? Quando me preparava para novamente parar, a meio da descida, eis que desapareceu e tudo voltou ao normal. Para susto bastou, mas mal ouvia-mos algum barulho ficávamos logo em sobressalto. Continuámos. Pelas 16H00 com um calor infernal, ar condicionado ligado, comecei a ouvir um barulho cada vez maior mas agora vindo da frente, do motor, quase dissimulado com o barulho do ar condicionado e do rádio. Parecia-me um rolamento gripado. Era Domingo, e embora não tivesse dito nada, o pânico apoderou-se de mim. Alguma bruxa me viu. Sem sobressaltar ninguem, resolvi encostar num parque de descanso para lanchar-mos. Pensei que, embora viesse em velocidade reduzida e a fazer uma média de 70Km/h, o descanso poderia fazer bem. Abri o capot e não vi nada de especial, coloquei o motor a trabalhar e eis o barulho. Parado e sem ruido ambiente, o "guinchar" era tremendo. Voltei para a cabine para desligar o motor mas antes vi que o ar condicionado estava ligado. Desliguei-o e o barulho parou de imediato. Estava descoberto, era o ar condicionado. Rolamento da polie gripado? Nada podia fazer. Toca a avançar. O calor era infernal, parecia sauna. Por fim chegamos a Pelissanne. Bonita terra, com uma área de serviço com os serviços todos gratuitos e local para estacionar de grandes dimenções, asfaltado e tudo muito limpo. que área de serviço maravilhosa. Era o que precisavamos para descansar e recuperar forças.
Distância: 478,5 km
Consumo médio: 9,1Lts
Tempo de Condução: 07H32
Parque de merendas em Mont Louis, no inicio da descida dos Pirineus para Perpignan. Aproveitámos e almoçámos.
Estrada sinuosa na descida dos Pirineus. Miradouro de Mont Louis,
Descida acentuada. São os Pirineus.
A.S. de Pelissanne.
3º dia, Segunda Feira 04-08-2014: Pelissanne (França) - Monzambano (Itália)
Saida de Pelissanne pelas 08H30
Metemos gasóleo em Salon de Provence (França) – 43,10 lts - €54,69 (1,269 €/L)
Chegamos a Monzambano pelas 20H30
Dormimos na área de serviço de Monzambano, área "Campingcar-Infos" ASN Nº 9909.
A noite foi passada com muita tranquilidade e acordamos pelas 06H30 com movimentações na rua. Tratava-se de uma operação de limpeza da via pública, a limpeza impera por estas bandas. Este dia seria longo pois além de serem quase 700 Km de viagem, alguns deles na travessia dos Alpes, também era nossa intenção passar pelo interior do Principado do Mónaco. Assim foi, paisagens lindíssimas, pareciam saídas dos mais famosos postais ilustrados. Parecia um sonho. Somente um senão, calor, calor e mais calor. Um inferno que esperávamos que com o aproximar dos Alpes, a temperatura ficasse mais amena. Foi uma sensação magnífica a de três tugas em autocaravana atravessarem as ruas Monegascas por onde passam os bólides F1. O luxo impera, e até as caixas de saneamento são luxuosas. A saída do Mónaco é que foi algo difícil pois a subida era muito acentuada e com o pára-arranca, a embraiagem é que pagava, mas correu tudo bem. Os Alpes são passados quase na totalidade em túnel e depois vêm algumas subidas após Génova. Embora muito bonita, na costa Italiana da Liguria mostra muito menos riqueza que a Côte D'azur. Algumas casas abandonadas, outras em ruina e muita estufa em mau estado à mistura. Toda a viagem foi feita sem mais sobressaltos e quando chegamos à A.S. de Monzambano ficamos muito satisfeitos pois mesmo sendo paga, as condições eram de nível superior. Muito boa esta A.S. possívelmente a melhor onde alguma vez estivemos, recomendo vivamente. Costuma-se dizer que após a tempestade vem a bonança, mas neste dia estava a acontecer precisamente o contrário. Durante todo o dia esteve muito calor e o céu completamente limpo mas com o chegar da noite, ficou muito carregado. Pelas 02H00 da manhã parecia que o céu caía sobre nós, chuva torrencial e uma trovoada a toda a volta que parecia de dia, o que tornava a paisagem surreal. Pelas 05H00 a trovoada parou e de seguida a chuva. logo a seguir, passado muito pouco tempo o céu ficou limpo e eis o amanhecer radiante, era um novo dia.
Distância: 669,6 km
Consumo médio: 9,6Lts
Tempo de Condução: 08H52
Temperatura dentro da AC a rondar os 40 graus. Fora rondava os 35 graus. Dava para fazer sauna.
Cidade do Mónaco.
Centro da cidade do Mónaco.
Marina de Mónaco.
Outra vista da Marina.
Entrada em Itália.
Travessia dos Alpes. Tuneis e mais tuneis.
Área de descanso muito bonita e com WC em Feglino. N 44.222033°; E 8.330553°
4º dia, Terça Feira 05-08-2014: Monzambano (Itália) - Senj (Croácia)
Saida de Monzambano pelas 10H15
Metemos gasóleo em Monzambano (Itália) – 60,97 lts - €102,00 (1,673 €/L)
Chegamos a Senj pelas 18H30
Dormimos na área de serviço de Senj, área "Campingcar-Infos" ASN Nº 12123.
Após uma noite mal dormida devido ao São pedro, decidimos dar um passeio pelo interior da área de serviço. Que espetáculo. Embora classificada como área de serviço para autocaravanas e só este tipo de veiculos é que têm permissão para entrar e permanecer, mais parecia um parque de campismo de 4 estrelas. Vedado e vigiado, com supermercado, bar, parque de jogos, W.C., wi-fi, muito limpo e muitíssimo cuidado, relvado e até com um grande lago com patos e um barbecue. Decidimos partir com destino à Croácia. A temperatura estava muito mais ameno e a viagem decorreu sem nenhum sobressalto até à fronteira. Chegamos à Fronteira de Eslovénia, com muita chuva na zona de Trieste. Sabia que era uma região bonita mas não se via "um palmo à frente". Eu sabia que teria de evitar as autoestradas na eslovénia pois o pagamento era feito através de vinheta e não era nada barato, mas com o temporal que se estava a abater mal dava para ver 20 metros à frente e com o GPS completamente baralhado, decidi-me pelo bom senso e seguir os carros à minha frente. Nada conseguia ver e quando mais à frente o temporal abrandou ligeiramente, apercebi-me que não me encontrava na estrada nacional mas sim na autoestrada. Bronca pela certa. Assim que cheguei à primeira saida, aproveitei para sair. Apercebi-me que de um dos lados estava um portageiro e dirigi-me a ele, o moço bem se esforçava para me explicar algo mas ele só falava Esloveno e outra lingua que possívelmente seria Croata e eu nem uma palavra percebia do que dizia. Só passado muito tempo e muito gesto e desenhos é que me apercebi que seria ali que teria de pagar a vinheta que dava para alguns dias circular livremente nas autoestradas. Toca a pagar e ir para a frente. Na chegada à Croácia é que melhorou o tempo. A paisagem era deslumbrante. Começamos a ver muitos restaurantes com grandes parques de estacionamento e mesmo à beira da estrada existiam uns assadores a assar porcos. Tinham bom aspeto e abriam o apetite, mas agora só queria-mos chegar a Senj. Parámos em Rijeka para encontrar uma caixa multibanco para levantarmos Kunas, (correspondente aos nossos Euros, e as lipas o equivalente aos nossos cêntimos). Mais uma dor de cabeça para efetuar câmbios.Na chegada à A.S. de Senj tivemos a má notícia que estava lotado. Pudera, mesmo à beirinha da água e o preço não era exagerado. Peguei no GPS e no roteiro para ver qual a alternativa. Como não era famosa resolvi insistir e dirigi-me à recepção. Falavam Inglês, do mal o menos e insisti que era só uma noite. Tive sorte e deixaram-me ficar mesmo ao fundo do parque, quase encostado a um Francês. Yupi, tivemos sorte. Toca a ir dar um mergulho no mar que ficava a 5 metros da autocaravana. Um luxo.
Distância: 465,2 km
Consumo médio: 9,3Lts
Tempo de Condução: 06H33
A.S. de Monbanzano.
A.S. de Monbanzano.
Fronteira Itália - Eslovénia. Quase a chegar-mos ao dilúvio.
Eslovénia muito verdejante nas próximidades da Croácia.
Fronteira eslovénia - croácia.
A.S. Senj - Croácia.
Temperatura na A.S. Senj à beira do mar pelas 19H12. In 33,1; Out 31,6.
Imaginem quem anda a tomar banho às 20H00 com a água a 26 graus.
5º dia, Quarta Feira 06-08-2014: Senj (Croácia) - Dubrovnik (Croácia)
Saida de Senj pelas 09H10
Metemos gasóleo em Senj – 43,50 lts - Kunas449,36 (10,33 Kunas/L)
Chegamos a Dubrovnik pelas 18H50
Dormimos no parque de campismo de Dubrovnik, área "Campingcar-Infos" AC Nº 12177.
Latitude : (Norte) 42.6619° Décimais ou 42° 39′ 42′′
Longitude : (Este) 18.07065° Décimais ou 18° 4′ 14′′
Hoje seria mais uma maratona a conduzir. A intenção seria o de atravessar a Croácia de Norte a sul, no entanto e próximo de Sibenik, quando atravessávamos um rio largo e com muita água, apercebemo-nos de um promontório com um miradouro para o rio e com um pequeno santuário. O parque de estacionamento estava quase repleto e decidimos parar. As vistas para o rio eram magníficas mas o que mais nos chamou à atenção foi mesmo o nome da Santa que se encontrava numa placa. "Gospa od Puta" Mais tarde, e assim que apanhei internet, traduzi do Croata para Português e o resultado é "Senhora dos Tempos". Uff, que alívio. As coordenadas são: N 43.806068° E 15.916119°. Seguimos viagem pois o nosso objetivo era Dubrovnik, tendo como ponto alto a travessia da fronteira entre a Croácia e a Bósnia e de seguida entre a Bósnia e novamente a Croácia. Pelo que tinha lido estas travessias de fronteira eram algo complicadas podendo mesmo demorar horas. Lembro que a Bósnia não pertence à União Europeia, nem sequer ao Espaço Schengen, além de que a guerra entre a Bósnia e Herzegovina embora oficialmente tenha terminado em 1995, as "feridas pós guerra" demoram muito tempo para sarar. Pelo que tinha lido, os turistas eram ainda recebidos na fronteira com soldados armados com kalashnikovs, sendo o ambiente muito pesado e intimidatório. Nada disto aconteceu. Na fronteira a primeira coisa que vimos foi uma indicação que era proibido fotografar, logo a seguir verificamos que existiam duas filas. Uma para cidadãos da União Europeia e outra filas para os restantes. Quando chegou a nossa vez bastou mostrar os passaportes e mandaram-nos seguir. Que desilusão... nem uma kalashnikov vimos e nem sequer um visto no passaporte. Seguimos viagem, estávamos na Bósnia. Passamos por uma cidade grande, Neum, onde no centro havia umas bombas de gasolina muito antiquadas mas com o combustível bastante barato. Muita gente na praia, não havendo vestígios de guerra pois ainda há pouco tempo existiu ali um dos maiores conflitos em solo Europeu, senão mesmo o maior, após a Segunda Guerra Mundial. Tudo parecia normal. Passado menos de 10 quilómetros estávamos novamente a atravessar a fronteira mas agora da Bósnia e Herzegovina para a Croácia. O mesmo ritual e tudo passou dentro da normalidade. Fiquei mais aliviado e supuz que o receio com que estava sobre a Bósnia não fazia sentido. Mais à frente eis que começamos a vislumbrar Dubrovnik. Que paisagem estupenda, parecia tirada de um postal ilustrado. Grandes paquetes e iates ancorados em frente da península rodeada de um mar com várias cores resplandecentes. Um autêntico sonho. Ainda estávamos na dúvida em que parque de Campismo iria-mos ficar, mas perante o cenário que se encontrava à nossa frente decidimos ficar no parque de campismo dentro de Dubrovnik, mesmo sabendo que iria-mos pagar um preço exorbitante. Estava decidido. Eram duas noites e um dia, e depois de andarmos tantos quilómetros, também merecia-mos um "miminho". O Parque era muito limpo e com boa apresentação. Era caro mas com asseio. A praia encontrava-se a aproximadamente 200 metros por estrada, mas com o cansaço com que estávamos, resolvemos que o banho na praia teria de ficar para o dia seguinte. Venha o duche reconfortante, o jantar, e a caminha. O dia seguinte estava reservado para a visita à cidade antiga de Dubrovnik, aquela que tinha visto na televisão e ainda tinha na minha memória como uma cidade mártir com as tropas hostis sitiadas numa colina em frente a bombardear a cidade e porto. Bem, mas isso seria no dia seguinte.
Distância: 499,1 km
Consumo médio: 8,6Lts
Tempo de Condução: 07h10
A.S. Senj.
Senhora dos Tempos
Senhora dos Tempos
Miradouro junto à Senhora dos Tempos
Cidade de Neum (Bósnia).
Fronteira Croácia - Bósnia.
Fronteira Croácia - Bósnia.
Norte de Dubrovnik
Dubrovnik Norte
Porto novo de Dubrovnik.
6º dia, Quinta Feira 07-08-2014: Visitar Dubrovnik
O dia de hoje foi escolhido para conhecer Dubrovnik. Como o parque de campismo se encontrava no lado oposto da cidade, em relação à cidade antiga muralhada e porto marítimo antigo que eram os locais históricos que iriamos visitar, deslocámo-nos de autocarro, o qual nos levou mesmo à entrada da cidade muralhada. Sem dúvida que o nome de "A Pérola do Adriático" como é conhecida está muito bem escolhido. Sem dúvida que valeu a pena tantos quilómetros a conduzir durante cinco dias para estarmos perante tanta beleza. No interior das muralhas, estava tudo extremamente recuperado, sem vestígios da guerra que por ali andou há poucos anos atrás. Tudo meticulosamente limpo, desde as paredes das casas, muros e até o chão. Os telhados encontravam-se todos como novos, e a água do mar na sua periferia era de uma beleza extrema, pois a transparência das suas águas permitiam o vislumbrar de cardumes e do fundo do mar por muitos e muitos metros. Tanta beleza junta... A meio da manhã resolvemos subir ao cume da colina num teleférico. Sem dúvida que se a cidade vista do seu interior era uma beleza, então vista através do teleférico todo envidraçado era deslumbrante. Tudo estava muito bem organizado, caso contrário seria o caus com tanta centena de turista em espaços tão reduzidos. Quando chegamos ao cimo, aí sim, encontramos os vestígios da guerra, devidamente preservados, com as muralhas que circundavam as torres de comunicações a testemunharem isso mesmo. Lá do cimo, as vistas eram colossais. Tanta beleza que não tenho palavras para descrever. Tiramos fotos e mais fotos, observamos tudo como deveria ser, visitamos as muralhas, as torres de comunicações, o museu da guerra e o restaurante que por lá se encontrava. No fim, tivemos de vir embora, ficando no entanto gravado aquelas vistas magníficas. Lá descemos e como estava muito calor, entramos num café ao centro da avenida central da cidade muralhada. As senhoras quiseram um gelado e eu agarrei-me a uma garrafa de meio litro de cerveja artesanal. Tudo era perfeito. A meio da tarde depois de termos comprado umas lembranças, lá fomos embora em direção ao parque de campismo pois assim ainda iria-mos deliciarmo-nos de um bom banho refrescante (ou não pois a água encontrava-se a 28 graus). Tudo perfeito. O Paraíso existe mesmo.
Avenida central da cidade muralhada de Dubrovnik.
Torre do relógio.
Águas limpidas do porto antigo de Dubrovnik.
Colina muralhada nas imediações de Dubrovnik.
Cidade e porto antigo de Dubrovnik.
Vestígios da guerra na muralha que circunda e protege as torres de comunicações.
Vistas do Porto e cidade de Dubrovnik de dentro de um dos teleféricos. Quem diria que andou ali a guerra?
Recuperar de forças num bar típico da cidade muralhada de Dubrovnik.
7º dia, Sexta Feira 08-08-2014: Dubrovnik (Croácia) - Sarajevo (Bósnia e Hersegovina)
Saida de Dubrovnik pelas 09H20
Metemos gasóleo em Neum (Bósnia) – 46,78 lts - Marcos 112,74 (2,41 Marcos/L)
Chegamos a Sarajevo pelas 19H15
Dormimos no parque de campismo de Sarajevo, área "Campingcar-Infos" AC Nº 18094.
Latitude : (Norte) 43.82799° Décimaux ou 43° 49′ 40′′
Longitude : (Este) 18.29658° Décimaux ou 18° 17′ 47′′
Este dia iniciou-se com uma certa nostalgia no ar por estar a chegar o inicio do regresso assim como termos de abandonar lugar tão aprazível, mas ao mesmo tempo existia adrenalina por chegar o dia de nos embrenhar-mos no interior da Bósnia, um país ainda não recuperado da guerra, não pertencente à UE, Muçulmano e com as suas instituições completamente abaladas. Estávamos à espera do pior.
Como sabia-mos que o gasóleo era mais barato na Bósnia que na Croácia, resolvemos atestar em Neum. Ai, quando ia para pagar, assisti a uma cena digna dos melhores filmes americanos, com um Bósnio que tinha acabado de meter combustível e que alegava não ter dinheiro. Os ânimos exaltaram-se de tal maneira que o dono das bombas retirou à força uma senhora que estava sentada no lugar do pendura e sentou-se ele mesmo nesse lugar, evitando que o condutor saísse sem pagar. Não era nada comigo, paguei e fui-me embora, pois os ânimos estavam muito acesos e a pancadaria iria começar. Nestas duas fronteiras (Croácia-Bósnia e Bósnia-Croácia junto a Neum), não tivemos qualquer dificuldade em as atravessar, mas quando chegamos a Metcovic e depois de nos abastecermos num Lidl mesmo à entrada da povoação, alguns metros à frente, a 3 KM da fronteira e com uma temperatura a rondar os 40 graus, o trânsito estava completamente parado, demoramos 1H30 para lá chegar. Um horror... Quando lá chegamos, fiquei surpreendido pois pediram-me além dos passaportes também o documento do seguro. Julgo que tirou fotocópias aos 3 passaportes e à carta verde e passado alguns 5 minutos, depois de muito falar para um companheiro que estava ao seu lado, virou-se para mim e disse: "Problem". Pensei logo para mim, "aí vem bronca". Disse-me num Inglês muito arranhado que não podia entrar pois o seguro não era válido para a Bósnia, mas como alternativa podia ir a um restaurante em frente pois passavam-me um seguro por 5 dias e pagava €15. Pensei, ou ia embora ou alinhava com ele. Lá fui ao restaurante. Aí é que entendi o porquê do corrupio para o restaurante dos cidadãos da UE e a demora a passar a fronteira. No restaurante apareceu um indivíduo que de Portugal só conhecia o Cristiano Ronaldo, passou-me um papel A4 escrito à mão, sem nenhum carimbo, chancela ou número identificativo e no fim pediu-me €30. Questionei, mas como não o entendi, não tive alternativa. Na Fronteira lá me deixaram passar. Segui para Mostar, esperando não ter nenhum acidente pois sabia que teria problemas. Quando cheguei a Mostar parecia um campo de batalha, Casas semidesfeitas, muros derrubados, telhados abalroados. Parecia que tinha passado por ali um furacão. Junto à ponte, aí sim estava tubo minimamente recuperado. Na rua que dá acesso à ponte existe muito comércio, mais parecendo uma feira diária, onde além dos bares, o que mais se vende são lembranças da ponte e da guerra, principalmente pequenas esferográficas feitas de projéteis de Kalashnikov ou bazuca. Tudo relacionado com a guerra. Gente, gente e mais gente. Centenas e centenas de turistas, tudo servindo para fazer negócio e tirar fotos aos mais ínfimos pormenores. Seguimos viagem, não nos escapando à atenção os inúmeros cemitérios que por lá existiam, onde as pedras estavam completamente desordenadas e próximas umas das outras, estando um deles implantado à beira da estrada principal com cumprimento superiores a 200 metros, mais parecendo que foram ali enterrados à pressa e desordenadamente, tipo vala comum. Um horror. A viagem até Sarajevo fez-se tranquilamente com paisagens naturais onde a verdura era dominante, e à beira da estrada iam alternando restaurantes com assadores onde se podiam ver porcos no espeto a serem assados, assim como cemitérios e casas em ruinas. Daqui a quantos anos é que conseguirão recuperar tudo isto? Chegamos a Sarajevo mas por estas bandas o GPS não nos ajudava porque a sua cartografia não era precisa. Foi muito difícil darmos com o Parque de Campismo, só possível graças à ajuda de um funcionário de umas bombas de gasolina. O parque é muito grande, situa-se nos terrenos contíguos de um Hotel de 4 estrelas e com boas condições. Depois de termos visto tanta destruição e pobreza, eis que apanhamos um enorme susto por volta das 20H00 pois começamos a ouvir um barulho enorme e contínuo. Ficamos estupefactos e receosos nos primeiros instantes pois nunca tinhamos ouvido nada parecido. Passado pouco tempo ficamos mais tranquilos pois verificamos que existia uma mesquita mesmo encostada ao parque de campismo e o som vinha dos altifalantes que se encontravam no cimo da torre. Este episódio repetiu-se mais algumas vezes mais tarde e mesmo de madrugada. A Bósnia é predominantemente muçulmana e mesquitas principalmente em Sarajevo são mais que muitas.
Distância: 273,9 km
Consumo médio: 8,0Lts
Tempo de Condução: 07h21
Fronteira Croácia Bósnia, perto de Neum.
Julgo ser uma provocação dos Croatas aos Bósneos, marcando bem o seu território no monte em frente a Neum.
Fronteira entre a Croácia e a Bósnia, próximo de Metcovic
Fronteira Croácia - Bósnia. Proibido fotografar.
Muitas casas em Mostar encontram-se baleadas e neste estado.
Mensagem do povo Bósneo.
Rua de acesso à ponte.
Ponte de Mostar.
Ponte de Mostar
Sei que não devia, mas não resisti. Foi assim que ficou Mostar após a sua destruição de 1993.
Um dos cemitérios de Mostar.
Pormenor da estrada sinuosa entre Mostar e sarajevo.
Publicidade da gastronomia local que se pode encontrar desde a Eslovénia, Croácia e Bósnia.
8º dia, Sábado 09-08-2014: Visitar Sarajevo
O dia de hoje foi iniciado com um despertar sobressaltado pois acordamos com o "Adhan" - chamamento dos fieis para as cinco orações diárias dos Muçulmanos, por volta das 05H00, a chamada da alvorada. Este dia foi escolhido para Visitar Sarajevo. Cidade fantástica, com pessoas espetaculares mas ainda a renascer das cinzas. Mesmo que se queira abstrair do tema da guerra, em Sarajevo é impossível. Olhemos em redor, o que vemos são casas verdadeiramente esburacadas, parque automóvel muito antiquado, transportes públicos ainda do tempo da guerra fria (deslocamo-nos num elétrico com bancos ainda construídos com ripas de madeira e vidros onde estava gravado Checoslováquia), onde se notava um stress enorme em todos os automobilistas onde tudo andava a apitar e a protestar (Stress pós guerra?), mas onde era impressionante como as pessoas nos cumprimentavam e falavam connosco, sempre prestáveis e nunca ninguém recusou um esclarecimento, muito pelo contrário pois até aconteceu uma senhora vendo-nos atrapalhados e meio perdidos, dirigir-se a nós, em inglês para saber se precisava-mos de ajuda. Povo mártir mas altamente acolhedor. No dia anterior já tinha calculado o percurso, com a ajuda do rececionista do parque de campismo, tendo sido espetacular ao dar-nos toda a informação de como chegar ao centro de Sarajevo, primeiro de autocarro e de seguida de elétrico. O Parque de campismo situa-se num dos bairros renovados da periferia, onde predominavam as vivendas, tendo ficado convencido que pela aparência deveria ser o bairro de pessoas bem colocadas na sociedade ou mesmo diplomatas. Para apanhar o primeiro transporte que era um autocarro tinhamos de atravessar este bairro. Tudo muito arranjado com as vivendas com parques relvados. Convenci-me que Sarajevo, por ser a capital estava totalmente recuperada, como estava redondamente enganado. Estou convencido que o autocarro onde nos deslocamos, em nenhum centro de inspeções passaria, tal era o estado degradado em que se encontrava. os bilhetes eram muito baratos, mas conforto não existia. no percurso, uma avenida com 4 faixas para cada lado, começaram a aparecer alguns prédios a denotar ruina e em muito mau estado, de seguida saímos do autocarro e apanhamos o tal elétrico, o qual nos levava até ao centro da cidade, quase sempre ao longo do rio Miljacka. Foi nesta viagem que me apercebi que embora o elétrico estivesse quase superlotado, a rondar as cem pessoas, só conseguia ver dois homens, sendo as restantes mulheres. Efeito da guerra. Sarajevo pareceu-me uma cidade em plena recuperação, não tanto dos edifícios habitacionais mas sim dos seus monumentos tanto histórico-politicos como religiosos. Fiquei muito admirado com a mistura de religiões e culturas que existem nesta cidade, onde de um lado pode haver uma igreja ortodoxa, do lado contrário uma mesquita e a poucos metros uma igreja católica, não tendo verificado qualquer tipo de rejeição entre setores da população. Não posso deixar de salientar as ruas repletas de comércio tradicional completamente virado para os turistas onde predominam as já referidas canetas feitas por invólucros de balas de kalashnikov, postais, outras lembranças da guerra, camisolas, toalhas, tudo serve para fazer negócio. Resumindo, em Sarajevo saliento as muitas mesquitas, igreja ortodoxa, igreja católica, Sinagoga, um rio muitíssimo poluído mais parecendo um esgoto a céu aberto cujo leito estava todo cimentado, mas principalmente o edifício da Câmara Municipal, este sim, um dos edifícios mais bonitos que vi até à data. Antiga biblioteca municipal que no tempo da guerra foi completamente destruído devido a ter sido vandalizado e incendiado, mas que com o apoio da União Europeia, foi completamente recuperado, passando a ser designado por "City Hall". Não sei se foi porque destoava de todos os restantes edifícios, se por não estar a contar com tanta beleza e preservação, certo é que quando me lembro de Sarajevo, além da imagem de uma cidade bastante destruída pela guerra, vem-me como imagem a destoar este "City Hall". Uma pérola no centro de Sarajevo.
Parque de Campismo em Ilidza onde se pode ver os blocos sanitários e lavabos e por cima da porta, pode-se ver a torre da mesquita com os seus altifalantes.
Rio Miljacka completamente poluido, após atravessar Sarajevo, no centro do bairro chique de Ilidza.
Painel de controlo do elétrico que nos levou até ao centro de Sarajevo. Será que isto funciona?
Prédio completamente baleado. Como é possível ainda se manter de pé e alguem viver ali?
Praça central com com fontanário rodeada de pombas, dando início das ruas pedonais repletas de comércio tradicional.
Rua pedonal repleta de comércio.
Mostra do que se vende nas ruas pedonais.
E tambem disto.
Mesquita principal de Sarajevo.
Igreja Cristã de Sarajevo.
Jogo de xadrês gigante com a igreja ortodoxa ao fundo.
Cinagoga de Sarajevo.
City Hall
Interior do City Hall
Pormenor dos arcos e teto do City hall.
9º dia, Domingo 10-08-2014: Sarajevo (Bósnia e Hersegovina) - Kastel Stari (Split - Croácia)
Saida de Sarajevo pelas 09H10
Metemos gasóleo em Mostar (Bósnia) – 24,08 lts - Marcos 58,03 (2,41 Marcos/L)
Chegamos a Sarajevo pelas 17H10
Dormimos no parque de campismo "Bilus" em Kastel Stari.
Latitude : (Norte) 43.551583° Décimaux ou 43°33'5.70''
Longitude : (Este) 16.349738° Décimaux ou 16°20'59.06′′
Chegou o dia de abandonar a Bósnia. As espetativas que me levaram a visitar este Pais foram completamente superadas. Ver os destroços da guerra e edifícios esburacados não chegaram para ofuscar a beleza natural deste Pais, assim como a simpatia e acolhimento do seu povo. A Viagem de regresso à Croácia não trouxe nenhum acontecimento de relevo, até porque de Sarajevo a Mostar, o caminho foi o mesmo. Em Mostar, o GPS indicou-nos um outro caminho mais rápido. Só depois nos apercebemos que ao deixar a estrada ao longo do rio Neretva fomo-nos meter nas montanhas. Bem, pelo menos dava para conhecer outras paisagens e povoações. Todas as estradas, ao contrário do que se poderia esperar, estavam em relativo bom estado de conservação. Atravessamos a fronteira Bósnia - Croácia próximo da povoação de Posusje, tendo somente a registar que na fronteira, o Guarda Bósnio olhou para os passaportes e depois para a matrícula e não sabia de que país era-mos. Questionou-me e mesmo após eu dizer que era de Portugal, ele encolheu os ombros sem saber onde ficava. Foi então que outro guarda fronteiriço se virou para o primeiro e meio a sorrir, disse bastante alto algo em Bósnio, pelo que eu só entendi "... Cristiano Ronaldo, Ok Good, Good...". Olharam os dois para mim, entregaram os passaportes, levantaram os polegares e mandaram-nos passar. Grande Cristiano... Passados alguns quilómetros, e como já sentia-mos um vazio no estômago, decidimos encostar assim que encontrasse-mos um sítio aprazível, o que veio a acontecer passado pouco tempo, num retiro onde a autocaravana ficava a aproximadamente 5 metros da berma da estrada. Estávamos a acabar de almoçar quando encostou um carro da polícia ao nosso lado e começou a apitar. Saí da autocaravana e fui ter com eles, os quais me disseram em Inglês que não podia acampar ali. Tentei explicar que não estava acampado mas sim tinha parado por pouco tempo só para almoçar, mas de nada valeu. Fomos obrigados a abandonar o local. Estes Croatas querem muito o turismo mas sem dúvida que não gostam dos autocaravanistas. Parar só mesmo nos parques de campismo e mesmo as áreas de serviço para autocaravanas são escassos. Tinha projetado ficar no parque de campismo "Stobrec" em Split para podermos no dia seguinte visitar a cidade, mas quando lá chegamos e embora o parque fosse enorme, estava superlotado. Lembrei-me de Senj e resolvi fazer um "choradinho" mas desta vez não valeu de nada. Questionei por uma alternativa e indicaram-me que o parque de campismo mais perto seria a 20 Km para o interior. Nem pensar, era absurdo uma cidade costeira como esta e não ter condições para os turistas. Resolvemos ir embora, em direção ao Norte, sempre acompanhando a costa, pois podia ser que aparecesse algo. Assim foi, pois passados aproximadamente 16 Km, em Kastel Stari vimos uma placa de Campismo. Resolvemos segui-la e em bendita hora, pois demos com um parque de campismo, embora com acesso algo difícil devido a estrada de acesso pouco larga, encontrava-se na primeira linha da costa, mesmo encostado à praia. Que luxo, e até tinha área de serviço para as autocaravanas. O preço era metade do parque de campismo "Stobrec" em Split e o acolhimento foi cinco estrelas. Tinham um grande cão em porcelana mesmo à entrada do parque, o qual passou a ser o meu companheiro, pois sempre que entrava ou saia no parque tinha de lhe ladrar. Como era ainda cedo, resolvemos ir para a praia. Esta era mais uma cujo areal não existia. No seu lugar encontrávamos cascalho muito desagradável ou mesmo placas de cimento. Entrar na água sem uns chinelos não era aconselhável e deitarmo-nos na toalha, nem pensar, Só mesmo com um colchão por baixo da toalha. Esta sim, era igual aquelas que se vêm nos postais ilustrados ou nos guias turísticos. É pena não podermos fazer uma fusão dos nossos areais com aquela água quente e tão salgada que até era difícil mergulhar. A noite foi passada muito sossegada. Abençoado parque de campismo.
Distância: 315,1 km
Consumo médio: 7,5Lts
Tempo de Condução: 06h58
Área de serviço para autocaravanas no parque de campismo de Sarajevo.
Um dos muitos cemitérios que se podiam encontrar à beira da estrada. Este aparentemente bem cuidado.
Estrada entre Sarajevo e Mostar sempre à beira do rio Neretva. Tudo muito verdejante e aprazível.
Fronteira entre a Bósnia e a Croácia.
Quando paramos para almoçar vejam a temperatura que estava. Dentro estavam 43,1 e fora estavam 41,7. Pura sauna.
Continua no post: Itália, Eslovénia, Croácia, Bósnia Herzegovina 2014 (Parte 2)
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